Na arte contemporânea, há uma convergência de estilos, técnicas e temas, no qual expõe um cardápio para o deleite tanto sensorial, quanto retiniano destinados os amantes da arte, após a experiência libertadora radicalizada nas manifestações artísticas dos impressionistas na Paris de 1874, uma rápida e dinâmica sucessão de ISMOS assolou a arte ocidental, com reflexos em todos os continentes..., hoje, depois do esgotamento das vanguardas, pela sua voracidade experimentalista, há uma retração - à meu ver, compreensível - na forma com que o público consumidor de arte reage, diante do hermetismo, ou do "vale tudo" que estiolou no multiverso da arte global.
Quando cito o movimento impressionista em um texto que se refere à arte de cunho realista (Figurativo) aqui referente à uma habilidosa artista goiana, a Mari Sousa, pode soar paradoxal no senso de que os impressionistas lutaram contra a figuração impostas pelos neoclássicos acadêmicos da época, e que suas experiências levou ao abstracionismo histórico absoluto, mas o que vale dizer aqui é a liberdade conceitual que o movimento desencadeou ao ponto de "democratizar" a maneira que consumimos a arte na vida cotidiana de nosso tempo.
Se tudo no cosmo pulsa, vibra em ondas sinuosas entre epiderme e profundidades, a arte surge desse amálgama matemático e misterioso ( o mistério da vida não pode ser revelado), a oposição figuração X abstração em arte, propõem uma intrincada discussão que justificam conferências e simpósios, o tema é palpitante principalmente na hera tecnológica em que vivemos, onde a abstração pode ser visto como uma "figuração de segundo tipo", como bem disse Frederico Moraes.
A Mari Sousa uma jovem pintora que vive e trabalha na ensolarada capital Goiânia, aborda temas em suas pinturas, notoriamente goianos/brasileiríssimos, em nossa exuberância de aves paisagens e frutos; ela persegue, insiste na beleza destinada à observação realista de nosso ecossistema.
Se o crítico e historiador francês Hippolyte Taine dizia que "em arte o belo não é o bonito", Mari Sousa nos revela uma face genérica do mesmo tema, e diz que o belo é o bonito, sim, sob seu olhar artístico.
Sua fauna principalmente pássaros psitaciformes em telas que chegam ao Hiper- Realismo, são exemplos de uma técnica pictórica esmerada, que podem ser facilmente aproveitados na parte "iconográfica" da ciência botânica de espécies da fauna latino-americana.
Arte figurativa, em especial na pintura, no limiar desse século, volta com uma dinâmica renovada à nível internacional; nesse senso, Goiás nunca esteve fora dessa corrente, pois a tônica, a gênese do movimento modernismo/contemporâneo goiano, os nossos mestres foram e são na maioria, figurativos por excelência, e aqui é válido citar dois dos importantes demiurgos pioneiros que estiveram na formação de nossa consciência artística, principalmente no que tange aos suportes bidimensionais (pintura, gravura, desenho etc), que foram as figuras solares de Frei Nazareno Confaloni e DJ Oliveira, eles são referências insuperáveis entre nós.
Assim, Mari Sousa se mostra como uma grata surpresa no cenário da arte contemporânea em Goiás, com sua vertente que agrada e alegra nossos olhos, mostrando aquilo que está ao nosso redor, mas, que as vezes não percebemos. Muitos teóricos, curadores e críticos de arte em nosso meio finge não ver esse gênero de pintura, querem ver algo distante, principalmente de estéticas alienígenas, que certamente não auxilia no fortalecimento de nossa identidade Goiana.
Nonatto Coelho.
Artista e pesquisador.
Obrigado por divulgar o texto sobre a Mari Sousa. Abraço fraterno