Valdecy Borges da Silva

Em recente ocasião

Ao visitar uma obra

Tropeçou e foi ao chão.

O operador da máquina

Mostrando preocupação

Agiu diligentemente

Levantando o ancião.

Com o impacto sofrido

O humilde cidadão

Sentiu seu ombro direito

Pensando ser luxação.

Um segundo operário

No dia de forte sol

Correu com o acidentado

Direito para o HUGOL.

É um hospital de ponta

Conforme se tem ouvido

Porém, haja paciência

Pra poder ser atendido.

Socorre toda Goiânia

Também o Estado inteiro

Se chegar passando mal,

Atende até estrangeiro.

Ambulância a toda hora

Se aporta na Emergência

Cada qual caso mais grave

Exigindo grande urgência.

Fiquei pensando comigo

Sobre seus profissionais

As escalas de trabalho

Cansativas por demais.

E eu lá, sentindo dor

Até minha hora chegar

Me sentindo incomodado

Sem tesão pro celular.

Se tinha havido fraturas

Não parava de pensar

Por saber osso de velho

Difícil cicatrizar.

Enquanto fui lucubrando

Eis que chegou minha hora

Louco pra ser atendido

Para depois ir-me embora.

Torcia pro Raio-X

Não trazer qualquer fratura

Que pudesse alterar

Minha agenda, a essa altura.

Mas foi "baixo", não deu outra

Acertei na previsão

Fratura "não muito grande"

O médico disse, então.

Tinha certeza do "trinco "

Pois doía fortemente

Algo que se equiparava

A uma forte dor de dente.

Com o uso de TIPOIA

Vou ficar por trinta dias

Em repouso absoluto

Pra evitar cirurgia.

Construir quadras de areia

Eu tive que sobrestar

Pois somente após um mês

Vou poder recomeçar.

Agora, com a mão esquerda

Uma vez que DESTRO sou

Aprendo a fazer as coisas

E dando nisso, valor.

Ainda assim me conformo

Poderia ser pior

E Invoco a velha máxima

Que é "dos males, o menor.

O pior de tudo isso

É que a dor continua

Preciso me acautelar

Se tenho que ir à rua.

E um fato curioso

Me chama muito a atenção

Deitado eu sinto dor

Estando em pé, sinto não.

O dizer do ortopedista

Me fez bem orientado

Para que em trinta dias

Esteja cicatrizado.

Mas ele me advertiu

Não fazer estripulia

Porque se quebrar de novo

Terá que fazer cirurgia.

Porém, cirurgia eu não quero

Porque já sou ancião

E velho com ombro engessado

Pode não dar certo não.

Enquanto isso, a esquerda

Pede licença à direita

Tentando independência

Da maneira mais perfeita.

Isso é coisa muito simples 

Que acontece com a gente

Só postei pra demonstrar 

Que é bom ser previdente.

No meu caso foi apenas 

Pequena fatalidade 

Mas que não vai afetar 

Quem tá na 3a idade.

Se não tivesse comprado 

Alguma TIPOIA nova

E tivesse alguma usada

Que pudesse utilizar 

Ao meu prezado leitor

Eu mostraria uma idéia:

Passar o ferro "na véia"

E simplesmente, usar!

Sexo bem constituído 

Entre homem e mulher 

Na minha pobre visão 

Deve ser algo "sagrado".

E "passar ferro na véia"

Deve ser interpretado

Tão só como referência,

De um modo bem humorado.

Com o verso assim composto 

Na condição de autor 

Creio não ter ofendido 

O meu dileto leitor.

Quero seguir no CORDEL

Livre e desembaraçado 

Ciente de não ter feito 

Apologia ao "pecado"!

(*) Valdecy Borges é jornalista e advogado (UFG), filho de Arnaldo Fernandes e de dona Jacy Borges, fundadores do distrito de Jacilândia no município de Itapirapuã. Valdecy nasceu em Bonfinópolis-GO em 1948, morou em Itauçu, mudou-se para Jussara em 1955. Atualmente reside em Goiânia.