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E A SEMANA DE 22, HEM?

A \"Semana de 22\", que aconteceu de 13 à 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.

Publicada em 22/02/22 às 08:00h - 335 visualizações

por Nonatto Coelho/Artista e pesquisador.


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 (Foto: Divulgação)

Alguém desavisado vai estar perguntando:  que semana? Sim, porque no "país da cobra grande" a "semana de Arte Moderna de 22" ainda é um "tabu", falado quase obliquamente nos compêndios escolares, e ainda menos assimilada na opinião de um público nacional pouco ciente do que está escrito, pintado, esculpido, no amálgama da cultura que compõem o nosso tão cantado "nacionalismo " brasileiro.

 

A "Semana de 22", que aconteceu de 13 à 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, depois que um grupo de intelectuais rebeldes, na sua maioria oriundos dos grandes  latifundiários (barões dos cafezais paulistas) das terras, que em 1532 foi fundada as bases da então Vila de São Vicente, por Martin Afonso de Souza, hoje a maior metrópole do país, que é a cidade de São Paulo resolveu colocar Brasil no mapa da modernidade.

 

Se na literatura, o alvo da Semana de 22 era lutar contra o Parnasianismo, estilo vigente da poesia na época, nas artes visuais a intenção foi declinar do estilo acadêmico nacional, que a Missão Artística Francesa impôs ao país no início do século XIX, ainda no Reinado de D. João VI. E falando em "identidade nacional" (um dos postulados da Semana de 22), alguns historiadores detectam na chegada da Missão Artística Francesa, liderada por Joaquim Lebreton, um brusco corte contra a embrionária arte brasileira que se ensaiava na época. E, se observarmos a história da arte mexicana, paradigma latino-americana que se tornou referência internacional principalmente no Muralismo, podemos entender o que os autóctones daquele país produziu, aproveitando a força telúrica dos povos astecas. Mas aqui, do lado de baixo da linha do Equador, até hoje estamos mais perdidos do que nunca, a meu ver, por carecermos de respeito aos nossos povos originais, e valorizar por demasia, sentimentos estranhos que não ajudam entendermos quem de fato somos e, como uma nação várias vezes colonizadas pelas forças "alienígenas", trazidas por vias dos satélites e, ou tecnológicas.

 

Mas, voltando à semana de 22, o bando de aloprado da burguesia rural de São Paulo, liderado por Oswald de Andrade e Di Cavalcante (esse o idealizador deste evento de rupturas), reuniu nomes como Mário de Andrade, Graça Aranha, Victor Brecheret, Anita Malfati, Heitor Vila Lobos, entre outros (Pagu, apelido da Patrícia Galvão, essa apaixonante criarura, ainda era uma adolescente curiosa e linda, e o Osvald de Andrade, ainda casado com Tarsila do Amaral, já tinha seu olhar cupido na adolescente e viria a se divorciar de Tarcila, e se casar com Pagu em 1928..., ela, comunista convicta, intelectual, ficou sendo a musa dos modernistas). O empresário que deu suporte financeiro para a Semana 22 foi Paulo Prado, escritor e mecenas de grande importância da época.

 

Alguns eventos são importantes para que possamos entender o destino da arte brasileira, a Missão Artística Francesa em 1816, a Semana de 22, já aqui referendados, o MASP, Museu de Arte de São Paulo, fundado em 1947 por Assis Chateaubriand, e a Bienal de São Paulo idealizada em 1951 por Francisco Matarazzo Sobrinho, esses adventos foram e ainda são importantes para a discussão de quem somos no mapa da arte universal.

 

Em minha modesta e imperfeita visão, a Semana de 22 foi uma tentativa compulsória de tentar "atualizar" nossas profundas diferenças com o mundo chamado civilizado, especialmente o que acontecia na Europa. Não deu certo; não podia dar certo; porque não era um anseio da população na sua ancestralidade. Não era algo vindo de dentro, das entranhas da sociedade brasileira. Dizem, que o próprio idealizador da Semana de 22, o pintor carioca Di Cavalcante, teria se arrependido de um dia ter idealizado tal evento, não era pra menos, o Brasil colonial estava há anos de distância do mundo civilizado (e acho que ainda estamos atrasados em muitos aspectos em relação a isso), a Europa estava se industrializando e aqui estávamos na política do Café com Leite. Éramos e ainda somos (com alguns avanços e recuos nesse setor) um país da cultura do Agronegócio, especialmente na atualidade, onde esse setor se tomou o protagonismo do business nacional.

 

O MASP, esse sim, em meu entender foi o marco mais importante da cultura artística nacional do século passado, se tornando o museu de arte mais importante da América Pobre, no entanto, a Bienal de São Paulo, que nos orgulhamos de já ter sido uma das 03 mais importantes exposições do mundo, em minha visão, não contribui, com sua força, para exportações do produto artístico nacional, da arte genuína dos nossos povos brasileiros, é claro que a ditadura do eixo Europa USA, são difíceis de serem penetradas, mas  países como Chile, Cuba, Uruguai, Argentina e obviamente o México, sem ter uma exposição do nível de uma Bienal de São Paulo, figuram nos léxicos e verbetes da arte universal, com mais frequência e influências do que o Brasil; portanto minha visão sobre a Bienal, é que ela mais importou produtos da arte visual do que conseguiu exportar para outros países.

 

No mundo contemporâneo, onde estamos em uma convulsão de ordem social, onde identidades, fronteiras, direitos, etc , estão em cheque, nada mais natural do que rever os ganhos e percas no campo da cultura, em um evento como essa em questão.

 

Com a Semana de 22, se deu o prenúncio do final da velha república no governo de Washington Luiz (1930), e iniciou se o período Vargas.

 

Uma das intenções da semana, era além de tentar "atualizar" o Brasil com o mundo pré-industrial, era também comemorar os 100 anos da proclamação da nossa independência, mas, hoje, nos 100 anos da Semana de 22, e nos 200 anos da nossa independência, que vai ser comemorada no mês de setembro, a sensação que tenho, é que ainda não somos uma nação independente, pois  mais do que nunca, os artistas estão sendo desrespeitados e até insultados pelo público,  na sua maioria incautos.

 

Vamos superar esse momento, essa é minha convicção.

 

Nonatto Coelho/Artista e pesquisador.




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