Aconteceu no passado
historinha muito rara
cidade do interior
a conhecida Jussara.
Um personagem inocente
foi envolvido sem trégua
de JOSÉ que se chamava,
passou a "Zé Mataégua".
É sabido que "JOSÉ"
exige algum sobrenome
para identificar
o portador do prenome.
E chamar por apelido
suscita indagação
se o dono da alcunha
dela se agrada, ou não.
Apelido não aceito
muitas vezes é perigo
porque gera malquerença
a produzir inimigos.
Mas constitui exceção
quando existe bom humor
como no caso presente
que vou contar ao leitor.
Agosto tem clima quente
na cidade em questão
conheço bastantemente
a famosa região.
Mas falando em clima quente
clima quente sempre há
Jussara é bem menos quente
que a capital Cuiabá.
Início dos anos "50"
certa feita um portador
saiu numa égua às pressas
pras bandas do Roncador.
Era no mês de agosto
dia de muito calor
fora buscar um remédio
feito por um "Curador".
A cidade era pequena
não existia "doutor"
o remédio era a FÉ
em Cristo Nosso Senhor.
Afora isso o cristão
se apegava em "benzição"
ou "garrafada", então,
feita com muito amor.
Aliás, o "Roncador"
do qual outrora falei
marcou muito minha infância
quando pra lá me mudei.
Em suas límpidas águas
foi onde aprendi nadar
à noite pescava peixe
que dava para o jantar.
Daquela tenra idade
guardei em minha memória
suas matas ciliares
que ficaram pra história.
Margens foram devastadas
pra se plantar COLONIÃO
como se a idéia fosse
fruto da evolução.
Voltando a "Zé Mataégua"
o assunto principal
quem fora buscar remédio
era seu primo, afinal.
Motivo de tanta pressa
nem era o próprio doente
mas ia ter futebol
tinha que voltar urgente.
Era o "Tupy Esporte"
o time do coração
que era considerado
o melhor da região.
Jogar contra o "Gato Preto"
q nem sempre "atrás ficava"
em "Tapira" e Jussara
muita gente apreciava.
Era por demais sabido
em toda a redondeza
dar água a animal casado
perigoso, com certeza.
Final de longa viagem
se o bicho cansado estava
só depois de seu "stress" água a ele se dava.
De regresso à cidade
voltando do Roncador
a égua era fustigada
sempre com o mesmo rigor.
Não poderia perder
o jogo da sua vida
o cavaleiro apostara
em vitória garantida.
E o ágil portador
no afã de chegar logo
já bem perto de Jussara
parou no próximo córrego.
Deu de beber à eguinha
que com tanta sede estava
sem saber que ali mesmo
a jornada terminava.
Era calor de agosto
conforme já se falou
o animal vindo a galope
desde o córrego Roncador.
Não fosse o cavaleiro
viciado em futebol
tragédia não haveria
em forte dia de sol.
Pois como se desse ali
um ataque fulminante
o animal foi caindo
e morreu naquele instante.
O cavaleiro evadiu-se
sem saber o que fazia
mas a culpa recaiu
noutro membro da família.
Ainda não existia
naqueles tempos atrás
sociedade protetora
defensora de animais.
Se tivesse, com certeza,
o viajor apressado
teria que se explicar
perante o delegado.
Não se soube ao pé da letra
como a confusão se deu
se quem cavalgava a égua
era, ou não, parente seu.
Hoje mora em Goiânia
o inocente personagem
e foi quem me autorizou
fazer esta reportagem.
O registro em Cartório
não permite mudar regras
seu nome é José Gomes
e não é ZÉ MATAÉGUA.
O apelido "pegou"
sem o cunho de maldade
foi só uma brincadeira
do povo de uma cidade.
(*) Valdecy Borges é jornalista e advogado (UFG), filho de Arnaldo Fernandes e de dona Jacy Borges, fundadores do distrito de Jacilândia no município de Itapirapuã. Valdecy nasceu em Bonfinópolis-GO em 1948, morou em Itauçu, mudou-se para Jussara em 1955. Atualmente reside em Goiânia.
Família Borges é uma família de letrados,de artistas e de grandes amigos!
Meu amigo, mesmo no sofrido tratamento da saúde, você encontra ânimo e bom humor no trato com as palavras e com a vida. Parabéns!
Que beleza de história! Valeu e parabéns, nobre amigo Valdecy! E que Deus esteja ao seu lado, dando-lhe muita proteção! Abraço, Dionísio.
Meu querido mano "véio" Como poeta bom demais Agora se deu ao capricho De falar de animais. Com seus versos mais recentes Eu posso lhe garantir Você não matou a equina Não precisa se redimir. Mas você "matou a pau" Como se medisse na régua As palavras para brincar Com a história do "ZÉ MATAÉGUA".
Meu querido mano "véio" Como poeta bom demais Agora se deu ao capricho De falar de animais. Com seus versos mais recentes Eu posso lhe garantir Você não matou a equina Não precisa se redimir. Mas você "matou a pau" Como se medisse na régua As palavras para brincar Com a história do "ZÉ MATAÉGUA".
Muito bom. Parabéns! Mas agora pergunto: é verdade que não pode dar água ao animal muito cansado? Fiquei curiosa. Kkk
Gostei do Tupy e Tapira e da minha época em Jussara, dos anos 66 a 78.Percival Lopes
Sou fã número um do autor Dr Valdeci Borges. Parabéns pela iniciativa, pois, isto muito nos alegra. Histórias pitorescas.Grande abraço.
Sou fã número um do autor Dr Valdeci Borges. Parabéns pela iniciativa, pois, isto muito nos alegra. Histórias pitorescas.Grande abraço.