Em frente a agência da CAIXA
Da Praça Tamandaré
Me vi em cena recente
Que me comoveu, até.
É que vi uma senhora
Empurrando um carrinho
Dentro dele uma criança
Regulando dois aninhos.
Eu ainda tinha o braço
Apoiado na TIPOIA
A caminho do HUGOL
Ver se tudo estava "jóia".
Porém, eu passei no banco
Fazer uma operação
Mas, primeiro precisava
Desbloquear meu cartão.
Cartão de aposentado
Que tem pequena poupança
Vê-lo então desbloqueado
Era minha esperança.
De lá iria ao destino
Dirigindo com atenção
Usando o lado esquerdo
Direito, podia não.
Porque já sou ancião
Contando "76"
E "trincar" osso de novo
Pode ser bola da vez.
O médico recomendou
Não fazer extravagância
O que se dá, comumente
Quando se está na infância.
A senhora de quem falo
Pediu-me dinheiro pra lanche
Não lhe neguei o pedido
Temendo sofrer
revanche.
Revanche a que me refiro
É vingança do destino
Se mostrasse "pão-duragem"
Sofreria "desatino".
Dei a ela um dinheirinho
De exatos DEZ REAIS
Se tivesse mais trocado
Por certo daria mais.
Entrei direto na CAIXA
E fui falar com a gerente
Tão simpática funcionária
Eficaz e diligente.
Depois de ser atendido
Peguei de volta o cartão
Fui ao Caixa Eletrônico
Fazer a operação.
Estava um tanto "avexado"
Para chegar ao destino
Checar o osso trincado
Que não precisou de PINO.
Quando deixei a agência
Estando do lado de fora
Eu, por uma coincidência
Reencontrei a tal senhora.
Estava ela sentada
Em uma baixa mureta
Trajando indumentária
Meio escura, quase preta.
Tinha porte avantajado
Ao que pude observar
Regulando meia idade
E, podendo trabalhar.
Mas, de fato laborava
Com a "bunda" na mureta
País, vendia "paçoquinha,
A dama de roupa preta.
E logo me deu na TEIA
Um teste realizar
Mesmo já tendo-a saudado
Resolvi então voltar.
Perguntei quanto custava
Cada uma paçoquinha
Dizendo ser UM REAL
Respondeu toda "prontinha".
Aquele prédio da CAIXA
Tem a frente ajardinada
Perguntei pela criança,
Mostrou estar afastada.
Pois brincava alegremente
Apesar de estar sozinha
Enquanto a mãe, sentada,
Vendia as paçoquinhas.
Mostrei uma nota de CEM
E ela disse não ter trôco
Mas eu só fazia o teste
Colocando-a no sufoco.
Percebeu que fui embora
Sem mostrar qualquer revanche
Mesmo sabendo que eu
Foi quem deu GRANA pro lanche!
(*) Valdecy Borges é jornalista e advogado (UFG), filho de Arnaldo Fernandes e de dona Jacy Borges, fundadores do distrito de Jacilândia no município de Itapirapuã. Valdecy nasceu em Bonfinópolis-GO em 1948, morou em Itauçu, mudou-se para Jussara em 1955. Atualmente reside em Goiânia.
Irmão Valdecy, me pareceu que a disposição da senhora em lhe conceder um agrado (01 paçoquinha), não foi recíproco. Revelando a disposição dela em apenas receber e não compartilhar.
Parabens amigo poeta pela maneira leve com que abordou o drama social
Sou contente de ser amigo do Vadecí Borges, eu já o conhecia mas não tinha sua amizade, agora fico feliz por ter sua sinceridade.PARABÉNS